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sábado, 20 de outubro de 2012

Tire o sapato e contate a Terra com teus pés. Sinta como sua alma faz parte da natureza. É a obra divina, é o sentimento de liberdade. Você agora conhece sua origem e dela não há medo, não há desconfiança, há apenas o amor, a força, a vontade da vida.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Traços em almaços

Ela criava poesias contou-me certa vez em tons baixos.
Eu não sabia dizer ao certo se escrevia porque se apaixonou.
Ou se apaixonou-se para escrever devido a tanto amar as letras.
O fato é que ela fazia poemas e os poemas a faziam.
E mais que rabiscos em papéis, eram traços da alma.
Pontos do pensamento, pingos dos seus instintos.
Tudo ali com gosto, desgosto, alma, desalma...
E coração que não consegue ser outra coisa.
Mas ela declamava os poemas, com gosto de céu com gosto de chuva.
Rodopiava dentro do quarto como uma bailarina no melhor dos palcos.
Coração atento, olhos dispersos, sorriso pro mundo.
Toda a confusão e compreensão de um sentimento confusamente adorável.
Euforia à flor da pele, à flor do cabelo, à flor dos toques.
São laços, abraços, toques e desfoques, tudo a um só foco:
Certa vez em tons baixos, contou-me que criava poesias.





terça-feira, 21 de agosto de 2012

Mas é que lá em cima, lá na beira da piscina...

Há exatos 23 três anos e quarenta e um dias, nascia essa espécie de metamorfose ambulante que vos escreve neste momento. E morte, tu que és tão forte, que matas o gato, o rato e o homem há exatos 23 anos que hoje se completam, levava deste plano um dos maiores, se não o maior integrante e idealizador da sociedade alternativa como passageiro no trem das 7. 
Tive como poucos a sorte de ser criada por um de seus "discípulos", por assim dizer, e mesmo tendo nascido há quarenta e um dias antes de sua partida, pude assim conhecer, entender e optar por seguir tais ideais mesmo vivendo em um mundo que ainda acha ridículo quem acredita em papai noel ou discute Carlos Gardel.
Sim graças ao meu tão grandioso pai (que carinhosamente apelidei de raulzito pelo tamanho do seu apreço ao músico), tenho orgulho de me reconhecer parte da geração da Luz, e poder mesmo que postumamente apreciar e sentir na voz ainda gravada em vinil o amor de poucos que cantavam com a alma. Um ser humano, um músico um poeta. 
Aprendi a interpretar o mundo de muitos modos, e principalmente a dar valor ao meu modo de ver a as coisas, a celebrar e chorar a vida na forma mais intensa de sua realidade.
Essa nova geração de tchus tchás, barás berês e lê lê lês é que me desculpem, mas nunca entenderão o que é ter nas mãos a velocidade da luz pra alcançar.
A matéria dele se foi, mas sua alma está espalhada em cada uma de suas obras.
Salve Raul.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Meu pé de Jabuticaba

Ontem fui visitar um antigo amigo no fundo do meu quintal: O pé de jabuticaba! Quase nem me lembrava mais de como ele era, há muito tempo não ia lá.
Ah, mas olhando pra ele me lembrei da minha infância, das tardes longas que passava naquele quintal, de quanto  eu brincava e não precisava me preocupar com mais nada, a não ser conseguir enrolar minha mãe para poder brincar até mais tarde.
Recordei-me também das férias deliciosas em meio a não só as jabuticabas enormes e docinhas, mas também a goiabas vermelhas, abacates e morangos.
Continuei viajando em meus pensamentos e gargalhava ao lembrar que sonhava em ser uma super-heroína, com poderes mentais para conseguir fazer meu pai me levar pra onde eu quisesse na hora que eu quisesse.
Me lembrei também que na escola eu e meus amigos sonhávamos que éramos donos do mundo e combinávamos de sair após a meia noite, só que no final das contas todo mundo acabava dormindo antes das oito. E no outro dia todo mundo dizia que éramos uns tratantes que marcam as coisas e nunca vão.
Como era bom!
E hoje, amigos que dominavam o mundo comigo? Restaram pouquíssimos, alguns ainda me ligam e agora realmente saímos a noite, mas com os outros já não falo com tanta frequência.
Então quando dei por mim, percebi que já não passo mais férias, hoje se tenho férias de estudo tenho que trabalhar e vice-versa.
Mas como diria o Tio Ben: "Grandes poderes, requerem grandes responsabilidades."
Sim, tem horas que eu acho que seria até interessante voltar a minha infância para aproveitar um pouco mais, fazer diferente muita coisa que fiz, mas ao mesmo tempo penso que não seria tão boa idéia assim.
Principalmente porque se pudéssemos voltar e fazer tudo de novo, a vida não teria a menor graça!
E a vida tem que ser sempre assim, fazer e depois se lembrar, pra rir muito.....

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Histórias de ninguém. Parte I

Ela estava confusa, acabara de acordar no tapete da sala com o som ligado um cheiro insuportável de cinzeiro cheio de tabaco amanhecido.
Só conseguia pensar em uma coisa: Como passou a noite toda alí?
Foi levantando apoiando as mãos no chão até conseguir ajoelhar-se.
Passando a mão pelos cabelos, sentindo que ainda estava com a roupa que chegara do trabalho e havia tirado só o coturno, olhando para a mesa ao lado do sofá, sentiu uma dor de cabeça insuportável e avistou a garrafa de whisky vazia. Lembrou-se logo de como havia adormecido alí.

Chegara em casa, depois de um dia irritante na delegacia em um plantão de quase 30 horas, com pessoas irritantes, um caso que lhe prendera por mais que o seu tempo normal de trabalho, e seu antigo colega de trabalho ter arrumado tempo para importunar a DP.
Ainda arrumara tempo para terminar com a garrafa de whisky que lhe esperava ansiosamente em seu apartamento.
Olhou para o telefone que contiuava a tocar insistentemente, apertou o botão para desligá-lo e jogou em cima do sofá, correndo para o aparelho de som e colocando para tocar seu estilo preferido de música.
Pegou a garrafa e dosava a bebida em seu copo.

Sentada no sofá sozinha no apartamento.
Acabara de se mudar pra lá, não conhecia seus vizinhos e também não fazia questão.
Nunca foi uma garota sociável, tanto que escolheu sua profissão por isso, gostava muito mais de conhecer as pessoas investigando-as.
Sempre dizia para os novatos da DP, a mesma frase "quem se envolve não desenvolve".
Era o que ela martelava agora sentada no sofá. Levantou-se no repente gritando pra si mesma: "Como pude ser tão contraditória?", virou a dose que havia colocado.

Ela não aceitava de forma nenhuma o que estava acontecendo com ela naquele momento, não se sentia no direito de ir contra todos os pensamentos e princípios profissionais e pessoais que sempre defendeu.
"Inaceitável, diria mais, PATÉTICO", se autocriticava repetidas vezes enquanto circulava pela sala enchendo o copo com outra dose e indo em direção a cozinha procurar algo pra comer.

Era realmente uma ironia, a garota que nunca havia sido das mais lindas no colégio, mas que teve como o tempo um aliado poderoso para mudar isso.
Mas ao mesmo tempo que o tempo a auxiliara, também a tornara uma pessoa fria, e arredia.
Não fazia questão de estar com muitos amigos, e adorava sair sozinha para divertir-se.
Dançava, bebia, e encantava quem a via, e com essa mesma rapidez desaparecia, sem ao menos deixar a indireta de quando seria vista novamente.

"Desista desses pensamentos idiotas, isso nunca será realidade, não é como as coisas devem ser..."
E quem era ela pra contestar algo que ela sequer sabia lidar?
Novo irônicamente acontecendo justo a ela, exatamente quando ela não precisava disso!
Com tantos problemas no trabalho, mais um pra quê?

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Saber-se-á quando, mas continua...............