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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Histórias de ninguém. Parte I

Ela estava confusa, acabara de acordar no tapete da sala com o som ligado um cheiro insuportável de cinzeiro cheio de tabaco amanhecido.
Só conseguia pensar em uma coisa: Como passou a noite toda alí?
Foi levantando apoiando as mãos no chão até conseguir ajoelhar-se.
Passando a mão pelos cabelos, sentindo que ainda estava com a roupa que chegara do trabalho e havia tirado só o coturno, olhando para a mesa ao lado do sofá, sentiu uma dor de cabeça insuportável e avistou a garrafa de whisky vazia. Lembrou-se logo de como havia adormecido alí.

Chegara em casa, depois de um dia irritante na delegacia em um plantão de quase 30 horas, com pessoas irritantes, um caso que lhe prendera por mais que o seu tempo normal de trabalho, e seu antigo colega de trabalho ter arrumado tempo para importunar a DP.
Ainda arrumara tempo para terminar com a garrafa de whisky que lhe esperava ansiosamente em seu apartamento.
Olhou para o telefone que contiuava a tocar insistentemente, apertou o botão para desligá-lo e jogou em cima do sofá, correndo para o aparelho de som e colocando para tocar seu estilo preferido de música.
Pegou a garrafa e dosava a bebida em seu copo.

Sentada no sofá sozinha no apartamento.
Acabara de se mudar pra lá, não conhecia seus vizinhos e também não fazia questão.
Nunca foi uma garota sociável, tanto que escolheu sua profissão por isso, gostava muito mais de conhecer as pessoas investigando-as.
Sempre dizia para os novatos da DP, a mesma frase "quem se envolve não desenvolve".
Era o que ela martelava agora sentada no sofá. Levantou-se no repente gritando pra si mesma: "Como pude ser tão contraditória?", virou a dose que havia colocado.

Ela não aceitava de forma nenhuma o que estava acontecendo com ela naquele momento, não se sentia no direito de ir contra todos os pensamentos e princípios profissionais e pessoais que sempre defendeu.
"Inaceitável, diria mais, PATÉTICO", se autocriticava repetidas vezes enquanto circulava pela sala enchendo o copo com outra dose e indo em direção a cozinha procurar algo pra comer.

Era realmente uma ironia, a garota que nunca havia sido das mais lindas no colégio, mas que teve como o tempo um aliado poderoso para mudar isso.
Mas ao mesmo tempo que o tempo a auxiliara, também a tornara uma pessoa fria, e arredia.
Não fazia questão de estar com muitos amigos, e adorava sair sozinha para divertir-se.
Dançava, bebia, e encantava quem a via, e com essa mesma rapidez desaparecia, sem ao menos deixar a indireta de quando seria vista novamente.

"Desista desses pensamentos idiotas, isso nunca será realidade, não é como as coisas devem ser..."
E quem era ela pra contestar algo que ela sequer sabia lidar?
Novo irônicamente acontecendo justo a ela, exatamente quando ela não precisava disso!
Com tantos problemas no trabalho, mais um pra quê?

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Saber-se-á quando, mas continua...............

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